Em meio à onda de fumaça que atinge Manaus, devido às queimadas que ocorrem no Amazonas, dispararam as buscas por xaropes, máscaras e medicamentos antialérgicos, em algumas drogarias da capital. No mês de setembro, foram identificados 6.991 focos de incêndio em todo o território amazonense, número que se tornou o segundo pior já registrado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na rede de farmácias Santo Remédio, uma das principais de Manaus, a procura por xaropes quadruplicou (340%) na comparação entre agosto e setembro deste ano. Já em relação a setembro de 2022, o aumento foi de 200%. No caso das máscaras, o crescimento das vendas chegou a 90% apenas em setembro. Antialérgicos foram 25% mais procurados no mesmo período, e as buscas continuam neste início de outubro.
“Geralmente, nessa época do ano, a gente já observa a maior procura por esses itens, devido ao aumento das queimadas. Porém, nos surpreendemos com os números de setembro, especialmente no caso dos xaropes. A procura foi realmente muito grande”, afirma a supervisora farmacêutica do Grupo Tapajós, Maria Eliza Pinheiro. A empresa, que além da Santo Remédio comanda ainda as bandeiras FarmaBem e Flexfarma representa mais de 50% do mercado local, e por isso fornece uma boa mostra das demandas como um todo.
Mas, apesar da maior busca pelos produtos, a companhia, que também é distribuidora, garante que não há risco de desabastecimento nos estoques, já que se prepara anualmente para o período. “Como conhecemos essa curva de crescimento, desde o início trabalhamos para garantir que os nossos clientes encontrem esses e outros itens nas nossas lojas”, comenta a supervisora farmacêutica.
Cuidados com a saúde
No último dia 27 de setembro, Manaus foi coberta por uma nuvem de fumaça que virou notícia em diferentes jornais do país. Enquanto a qualidade do ar é considerada ‘boa’ até registrar 25mp (material particulado), naquele dia, os níveis chegaram a ultrapassar os 200mp em diferentes pontos da cidade. Os dados são da plataforma Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Além de causar dor de cabeça, rouquidão e vermelhidão nos olhos, a fumaça também afeta a garganta com dores e irritação. “Um dos efeitos desse ar mais poluído é o surgimento da tosse seca, então essa é a explicação mais provável para o aumento da procura pelos xaropes”, pontua Maria Eliza Pinheiro.
No caso das máscaras, a farmacêutica atribui o crescimento à maior consciência da população a respeito do uso do equipamento após a pandemia de covid-19. “Durante a crise sanitária, as pessoas passaram a utilizar máscaras e entenderam que essa é uma ferramenta importante na prevenção contra as doenças respiratórias”, afirma.
Outro produto que tem sido cada vez mais procurado nas farmácias é o umidificador de ar. A tecnologia permite que o aparelho transforme água ou soro fisiológico em micropartículas que são liberadas no ar para tornar o ambiente mais fresco, úmido e confortável. “Indicamos esse item para todo mundo, especialmente para uso focado em idosos, crianças ou pessoas com doenças crônicas respiratórias”, comenta Maria Eliza.
Automedicação
Mesmo com o cenário de queimadas influenciando no bem-estar da população, a farmacêutica chama a atenção para a importância de não fazer uso de medicamentos sem orientação profissional. “A automedicação pode ser vista como uma solução imediata a alguns sintomas, mas pode também estar apenas maquiando problemas de saúde mais graves. Por isso, é sempre importante procurar um médico para avaliação do quadro e buscar orientação com um farmacêutico a respeito dos medicamentos”, ressalta a profissional.
Fonte: Inpe
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