Maria Lúcia de Jesus, de 60 anos, se recupera em casa após um acidente angustiante no Cemitério de Pontal (SP). No último sábado (8), enquanto limpava o túmulo de sua filha, a tampa de um túmulo vizinho cedeu, e uma barra de ferro perfurou sua perna. A vítima relata que esperou por socorro por cerca de dez minutos, gritando por ajuda em meio ao silêncio do cemitério. “Sempre tem alguém lavando túmulo ali por perto, neste sábado, não tinha ninguém. A hora que eu cai, comecei a gritar de 5 a 10 minutos ‘me socorre, socorro, tem gente aí, me acode, eu cai aqui na vala, estou machucada, não consigo sair’”, relembra Maria Lúcia.




O acidente ocorreu quando Maria Lúcia tentava pegar água e atravessou a tampa do túmulo ao lado do de sua filha. A barra de ferro, parte da estrutura da tampa, perfurou sua perna e saiu na altura da barriga. Segundo os médicos, a barra quase atingiu a artéria femoral e a bexiga. A Prefeitura de Pontal lamentou o ocorrido e informou que a Secretaria de Saúde está prestando suporte à vítima. A administração municipal ressaltou que a conservação e manutenção dos túmulos é de responsabilidade das famílias e que os visitantes são orientados a circular apenas pelas vias comuns do cemitério.
O socorro de Maria Lúcia chegou graças a uma menina que passava de bicicleta pelo local e ouviu seus gritos. “Ela ficou ainda receosa, mas depois chamou alguém pra me ajudar. Foi quando chegou o pessoal, aí já ligaram pro Samu. Foi quando me socorreram”, conta a vítima. Maria Lúcia foi levada para a Santa Casa de Pontal e, devido à gravidade dos ferimentos, transferida para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), onde ficou internada por dois dias.
O resgate de Maria Lúcia foi realizado por uma equipe do Samu, que precisou entrar na cova para imobilizá-la e retirar a barra de ferro de sua perna. “Me socorreu lá dentro. Me aplicou uma injeção pra não dar tétano, pra aliviar a dor, já mobilizou o ferro e aí me tiraram de lá na prancha. Me subiram de lá de dentro e me levou pra Santa Casa. Na hora, [tem] o susto, o choque. Depois que passa, que a gente está no hospital, que vai sentir dor”, relata.
Maria Lúcia confessa que estava com pressa e, por isso, usou um caminho incomum no cemitério para pegar água. “Eu quase não passava nessa tampa, mas estava com pressa e fui atravessar. A gente via que as tampas eram fracas, inclusive, do túmulo da minha filha mesmo, está bem fraca. Tenho certeza que vai quebrar também. Pensamento novo, rever, parar pra pensar, fazer as coisas com mais calma, tocar o barco pra frente nesse restinho de vida que a gente tem”, desabafa.