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A conexão de municípios do interior do Amazonas, especialmente da área do Rio Solimões, com a rede mundial de computadores, é ainda um grande desafio. Além das enormes distâncias, há vários outros gargalos próprios das características da região. Características estas que dificultam a instalação de uma rede que leve Internet de qualidade através dos rios e florestas.
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Além disso são poucas as opções de tecnologia apropriadas para levar conectividade na região Amazônica, especificamente dos municípios da calha do Solimões. Uma destas tecnologias, a rede de fibra ótica, era uma esperança para que enfim a Internet fosse transmitida com velocidade e estabilidade. A expectativa foi grande, mas a realidade foi frustrante.
Segundo previu Ademir Lourenço, engenheiro e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em um seminário que discutiu o assunto este ano: “O melhor dos mundos seria sim a fibra ótica (para levar Internet às regiões remotas), mas temos problemas. Se a fibra quebra, qual o tempo de manutenção disso? Será que o ribeirinho, o pessoal da comunidade, consegue esperar seis meses para consertar uma fibra? É muito difícil”. A previsão estava correta.
DEMORA NA MANUTENÇÃO DEIXA FIBRA ÓTICA DA TELEBRAS SEMANAS FORA DO AR
As empresas de Internet que atendem os municípios da região d o Solimões, enfrentaram problemas e ainda estão tendo muita dificuldade quando optaram utilizar a fibra ótica da Telebrás. O contrato foi fechado para a disponibilidade de uma Internet de qualidade, mas na prática a rede de fibra ótica tem apresentado constante instabilidade, problemas de conectividade e ficando fora do ar por diversos dias.
O problema se agrava pela demora no tempo de resposta para manutenção. A manutenção da rede é realizada por uma empresa pública que tem que agir de acordo com parâmetros burocráticos e tem dificuldades para deslocamento e meios de transportes nos rios da região, o que faz com que o tempo de resposta para corrigir as falhas da rede se estendam por mais tempo. Para ter uma ideia da problemática, no mês de agosto de 2019 a fibra ótica da Telebras ficou 19 dias fora do ar.
GOVERNO FEDERAL GASTOU 50 MILHÕES PARA UMA FIBRA ÓTICA QUE ESTÁ PARADA
Outra expectativa era a rede de Internet do Exército, através do Programa Amazônia Conectada que foi criado em 2015 com a meta ambiciosa de implantar uma das maiores redes de fibras ópticas subaquáticas do mundo e, assim, levar internet rápida e de baixo custo para populações ribeirinhas e moradores de locais isolados do interior da Amazônia. O exército planejou a instalação de 7,8 mil quilômetros de cabos no fundo de rios amazônicos, que ligariam a capital, Manaus, a outros 52 municípios, beneficiando cerca de 4 milhões de pessoas.
As obras até iniciaram, o cabo de fibra óptica do Exército chegou até Tefé, pelo leito do Rio Solimões, mas devido a cortes orçamentários do governo federal no ano de 2017, o projeto teve suas obras paradas. Dos 9 mil quilômetros de fibra ótica previstos no projeto, apenas 900 quilômetros foram implantados, em rede subaquática.
O Governo Federal já gastou R$ 50 milhões de reais para lançar 10% da rede de fibra óptica, dinheiro público gasto, um investimento enorme que ainda não trouxe benefício nenhum, porque o projeto está totalmente parado e os municípios que poderiam estar sendo beneficiados pela obra, continuam com uma Internet precária. O projeto prevê investimento na ordem de R$ 1,5 bilhão.
Sem um serviço à contento, os cidadãos e consumidores cobram das empresas locais que fornecem Internet. Na grande maioria das vezes as pessoas não entendem o complexo processo que é conectar os municípios do Amazonas e reclamam muito da velocidade da Internet fornecida por provedores locais exigindo mais velocidade e estabilidade. A realidade mudaria se o poder público realmente desse prioridade ao funcionamento da fibra ótica e executassem os projetos que estão parados.