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Governo do Amazonas passa a coordenar o Serviço de Acolhimento do Coroado, na zona leste de Manaus

Dar apoio humanitário com uma equipe psicossocial aos abrigados, criar uma rede de voluntários para atender às suas principais necessidades e fortalecer parcerias institucionais. Com essas ações, o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, passa a coordenar o Serviço de Acolhimento Institucional para Indivíduos e Famílias (Saiaf), no Coroado, a partir deste mês.​​

O Abrigo do Coroado, como o serviço é conhecido, já vinha recebendo apoio da Seas, que dava suporte à Prefeitura, antes responsável pela coordenação, com serviços de segurança, manutenção e apoio técnico com a disponibilização de servidores. Agora, a coordenação geral passou para a secretaria, que pretende fortalecer a parceria com a Prefeitura seguindo as diretrizes da Operação Acolhida, que envolve órgãos internacionais, estaduais e municipais.

Como primeiras ações, a Seas realizou algumas mudanças no espaço com a criação de uma brinquedoteca, onde voluntários realizam atividades lúdicas com as 41 crianças do abrigo; a instalação de uma sala para aulas de português, ministradas por professores da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), nos turnos matutino e vespertino; e serviços de pintura nas áreas externas dos quartos do abrigo. Além disso, todo um trabalho psicossocial está sendo realizado para que os abrigados se envolvam na manutenção e limpeza do espaço.

A titular da Seas, Márcia Sahdo, afirma que a proposta é dar todas as condições necessárias para que os abrigados possam desenvolver sua autonomia. Ela destaca que, com a Operação Acolhida, que foi uma solicitação do governador Wilson Lima junto ao Ministério da Cidadania, as parcerias entre Seas, Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Secretaria de Estado do Trabalho (Setrab), Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Organização Internacional para Migrações (OIM) e sociedade civil estão se fortalecendo.

“O envolvimento de todos para dar conta dessa demanda é necessário, isso já está acontecendo, e estamos buscando cada vez mais parcerias para realmente atuarmos nesse acolhimento. Aqui, nós não temos só o acolhimento propriamente dito, mas todo um serviço de preparação para que essas pessoas possam sair daqui com as condições necessárias para ter um trabalho, um lugar para morar, porque essa situação no abrigo é passageira. Nesse sentido, a nossa equipe faz um trabalho bastante profundo, coletivo e individualizado para que essas famílias alcancem a autonomia necessária”, frisou.

*Perfil* – Atualmente, o Saiaf do Coroado acolhe 192 refugiados sendo 93 homens; 49 mulheres, 41 crianças com idades de 0 a 11 anos, e nove adolescentes. Os venezuelanos em situação de refúgio que chegam ao Abrigo geralmente são encaminhados pelo posto da Sejusc, que funciona na área da Rodoviária, mas o Saiaf também acolhe pessoas encaminhadas pela rede socioassistencial.

Os refugiados venezuelanos atendidos são não indígenas, em situação precária de saúde e baixa escolarização. A maior parte é do sexo masculino, com faixa etária de 25 a 45 anos. No Saiaf, todos recebem não só acolhimento temporário, como também atendimento psicossocial, alimentação diária e, principalmente, acesso às diferentes políticas públicas para que possam ter acesso a direitos sociais não necessariamente contemplados na área da assistência social, como saúde, inserção na rede de ensino, qualificação profissional e entrada no mercado de trabalho.

Fernanda Ramos Pereira, secretária executiva adjunta da Seas, reforça que a Assistência Social, articulada às demais políticas, trabalha com o propósito de integrar esse público à nossa sociedade.

“A Assistência Social, como política pública, deve atuar em articulação com as demais políticas. Mas, estamos tratando de uma demanda específica que é muito complexa para nós, que é dinâmica, por isso organismos internacionais como a Acnur, que é a agência da ONU para refugiados, e a OIM, que é uma agência também voltada para imigrantes, são importantes. O trabalho que a Seas realiza se dá não só com os órgãos estaduais e municipais, mas principalmente com essas agências, que têm a expertise de atuar frente a essas demandas dos refugiados”, explica.

Darci Ramos Amorim, diretora do Saiaf do Coroado, atua diretamente com os refugiados e explica que o objetivo da equipe psicossocial, que conta com psicólogos e assistentes sociais, é detectar e analisar todas as demandas desse público; reforçar as parcerias com toda a rede de atendimento na área da saúde, da educação e outras áreas ligadas à questão dos venezuelanos em situação de refúgio; e investir na criação de uma rede de voluntariado.

As respostas já estão chegando. Algumas pessoas já estão se voluntariando para atender às necessidades do Saiaf. Mas, segundo Darci, há múltiplas necessidades como: mulheres grávidas que não têm nada para seus bebês, crianças pequenas, pessoas doentes, cadeirantes, por isso é necessário o apoio da sociedade como um todo.

“Nosso trabalho técnico é fazer uma investigação dessas necessidades e encaminhá-las. Temos, por exemplo, a questão do desemprego: eles querem trabalhar, mas a língua é uma barreira, por isso nós temos o curso de Português, com professores voluntários, para que eles possam ir quebrando essa barreira e indo em busca de trabalho. Além disso, estamos buscando empresas como supermercados para inseri-los no mercado de trabalho, porque o abrigo é uma situação temporária, não é um lugar definitivo para morar”.

*Voluntariado* – Ane Karoline, que é vendedora executiva, doou 15 quilos de carne na última sexta-feira (16/08) para os abrigados. Ela conta que o principal estímulo para a doação foi se colocar no lugar dos refugiados. “Eu entrei e fiquei impressionada em ver o que eles estavam passando porque, quando estamos fora, não fazemos ideia. E poder ajudar com tão pouco faz a diferença”.

*FOTOS:* Bruno Zanardo/Secom

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