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Agnaldo Rayol: Pesquisas mostram que 70% dos idosos sofrem graves quedas em casa

O cantor Agnaldo Rayol, de 86 anos, morreu nesta segunda-feira (4), em São Paulo. Segundo nota divulgada pela família, a morte foi resultado de uma queda em seu apartamento durante a madrugada. O artista estava acompanhado de um cuidador. Ele foi levado ao Hospital HSANP, mas não resistiu ao ferimento na cabeça.

O envelhecimento é um dos mais graves fatores de risco para quedas graves, tanto pela dificuldade de mobilidade e de equilíbrio como pela fragilidade do corpo em resistir ao impacto. A baixa densidade de massa muscular no organismo, também conhecida como sarcopenia, também é consequência do envelhecimento e aumenta a fragilidade

A queda de idosos dentro da própria casa é mais comum do que se imagina e tem alta taxa de incidência. A Associação Médica Brasileira (AMB), por exemplo, estima que, anualmente, 50% da população com mais de 65 anos sofre com quedas e, 70% destas ocorrem dentro de casa. Entre as principais causas estão: diminuição da acuidade visual e queda na massa e força muscular devido à idade.

O problema mais comum é a queda da própria altura (QPA), ou seja, quando a pessoa cai no próprio nível em que se encontra (o famoso tropeço).

Em idosos, esse tipo de queda, pode comprometer todo o restante da vida do paciente, pois o isolamento causado pela recuperação que pode exigir alguns dias na cama, causa uma queda acentuada de massa por não estar fazendo exercícios. Há também a dificuldade de se alimentar, beber água, realizar pequenas tarefas em casa, entre outras ações que eram mais fáceis de realizar no dia a dia.

Como prevenir as quedas

Especialistas afirmam que, sempre que possível, as casas em que moram idosos devem ser térreas, sem a presença de escadas. Caso elas sejam necessárias, é importante instalar corrimãos nos dois lados para que a pessoa possa ter mais segurança na hora de subir ou descer.

Retirar todos os tapetes para evitar tropeços também é importante, bem como móveis baixos com quinas pontiagudas. As maçanetas e puxadores também não podem ser pontudos. O interruptor deve estar acessível e é bom ter um abajur perto da cama do idoso. Outro recurso relevante é ter uma luz de emergência, caso ocorra um blecaute.

O ideal é acrescentar recursos de segurança como barras de apoio no banheiro, ao lado do vaso sanitário e no chuveiro, sensores de luz no caminho do quarto para o banheiro, piso antiderrapante, e criar circulações mais largas nos corredores, retirando poltronas, vasos, ou qualquer objeto que possa atrapalhar a passagem.

Outras mudanças podem ser feitas também dentro do banheiro, como o vaso sanitário que deve ser mais alto para que o idoso faça a menor força possível ao se sentar e levantar e o box que, preferencialmente, não deve ser de vidro. Deixar o espaço aberto ou apenas com uma cortina é o ideal.

Sarcopenia, a grande vilã

Médicos alertam que as quedas em idosos são preocupantes, especialmente em pessoas acima dos 80 anos, podendo causar perda de mobilidade, diversas complicações de saúde e até a morte, como foi o caso de Agnaldo Rayol.

A sarcopenia diminui a massa muscular, a força e, com isso, a qualidade de vida de pessoas idosas, especialmente as sedentárias
A síndrome se caracteriza pela perda de massa muscular com diminuição da força. Esses fenômenos, que são simultâneos, acontecem sem dar sinais. As causas estão relacionadas a fatores nutricionais, hormonais e de estilo de vida.

Com isso, é comum aumentar a incidência de desequilíbrios e quedas com consequências graves, como fraturas de fêmur e traumatismo craniano. O risco de fraturas fica ainda maior se considerarmos que existe uma estreita associação entre a sarcopenia e a osteoporose, afirmam especialistas.

Além das pessoas com idade mais avançada, a sarcopenia pode acometer também um grande número de pacientes com doenças crônicas, como diabéticos, hipertensos, portadores de doenças cardiovasculares, autoimunes ou com dor crônica. Isso porque, por suas condições, esses indivíduos acabam tendo baixo nível de mobilidade e atividade física, e baixa ingestão de nutrientes específicos, especialmente proteínas.

É preciso destacar que a sarcopenia tem um impacto enorme na qualidade de vida dos idosos. Isso porque o paciente sarcopênico tem mais chance de desenvolver condições agudas, como infecções e traumas. Além disso, há mais risco de instabilizar o controle de doenças crônicas.

Como consequência, é maior a chance de hospitalização e incidência de complicações clínicas e cirúrgicas, com maior tempo de internação e mais dificuldades no processo de desospitalização e reabilitação funcional. A sarcopenia é a comorbidade mais frequente em idosos internados por qualquer causa.

Impacto da alimentação

É muito comum que, com o envelhecimento, o idoso comece a se interessar mais por alimentos fáceis de mastigar e digerir, comumente, os carboidratos. Isso ocorre, muitas vezes, por questões ligadas à dentição, diminuição de enzimas, dificuldades na digestão, desaceleração do ritmo intestinal, entre outras.

Assim, essas pessoas privam-se de alimentos ricos em proteína, como carne, ovos e laticínios (de origem animal); as oleaginosas como feijão, lentilha, grão de bico, ervilha e soja (no reino vegetal) ou os grãos integrais como aveia e castanhas.

Segundo especialistas, a ingestão de proteína costuma ser bem abaixo do ideal em todos os grupos etários. Nesse sentido, o consumo ideal de proteína para uma pessoa adulta com risco de sarcopenia está relacionado ao seu peso, na proporção de 1,5 a 2 gramas a cada quilo.

Por isso, é comum os idosos precisarem de acompanhamento nutricional para conseguir obter a quantidade necessária de proteína que, às vezes, tem que ser suprida via suplementação.

Por Márcia Costa Rosa

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