De forma intimista, de alguém que realmente conhece o legado deixado pela escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964), a crítica de teatro Ida Vicenzia estará em Manaus para lançar neste sábado, 4 de fevereiro, o livro intitulado Uma homenagem a Cecília Meireles, pela editora paulista Atma, do grupo Valer.
O evento será realizado no espaço da Livraria Nacional, localizada na rua 24 de Maio, 415, no Centro, às 10 h. Com a “benção” dos netos de Cecília, Ida, assim como sua musa, é jornalista. Doutora em Literatura, ela se debruça e dedica as mais de 350 páginas para celebrar as mil e uma faces da autora, dona de uma poesia intensa e visceral, sem dúvida, uma das maiores escritoras da literatura brasileira.
Mas nem só de poesia viveu Cecília Meireles. Muito antes de se tornar a grande referência feminina na literatura produzida no Brasil, ela foi uma criança acima da média, bastante estudiosa. Ida conta neste livro que, aos 9 anos, Cecília foi agraciada com uma medalha de ouro ao terminar, com louvor, os estudos, e recebeu a honraria das mãos do poeta Olavo Bilac, inspetor da escola. Aos 18 anos, estreou na literatura com o livro Espectros, e a sua obra mais conhecida até hoje é O romanceiro da Inconfidência, de 1953.
Ainda conforme Ida, a poeta também foi professora, e daquelas engajadas na educação livre e acessível a todos. A frente do seu tempo, nos anos 1930, ela já lutava pelo estudante/cidadão, pelo jovem participante e ciente de seus direitos e deveres na batalha pela cidadania. Cecília passou com sua sensibilidade pelo jornalismo, pela crônica, pelo ensaio, pelas artes plásticas e pela literatura infantil.
Neste livro escrito por Ida, isso está inscrito na sua estrutura, dividida em duas partes, distribuídas em 11 capítulos, denominados: O desabrochar da mulher; A professora; A jornalista; Tempo de viagens; A artista plástica; A cronista; e chegamos ao irônico-simbolismo Cecília Meireles dramaturga; A revolução pela luz; Cecília Meireles e o teatro infantil; A poeta, e, por fim, A morte.
Ida traça em cada um desses capítulos detalhes da vida e obra, dos temas frequentes na produção literária de Cecília, como a identidade, a solidão, a passagem do tempo, a efemeridade da vida, o isolamento, o abandono e a perda. As palavras escritas pela poeta vêm encantando gerações e, mesmo que muitos críticos queiram enquadrá-la na segunda geração do Modernismo, ela é o ponto fora da curva e estará sempre “na correnteza da vida”.
Sobre Ida Vicenzia
Nascida no Rio Grande do Sul, Ida Vicenzia vive atualmente no Rio de Janeiro. Autora de diversos livros, como Elogio do gozo (contos), O teatro católico de Octavio de Faria, Antonio Abujamra – calendário de pedra – uma biografia e As cidades orientais (contos). Formada em jornalismo pela Universidade de São Paulo (USP, 1975), com mestrado e doutorado em Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio/1988/2006), é crítica de Teatro, membro da Associação Internacional de Críticos de Teatro (Aict), pesquisadora e dramaturga. Sua peça Maria Quitéria foi encenada em Salvador, no Teatro do Isba e Sinal Vermelho – leitura dramatizada – na Noite Italiana da Casa de Cultura Laura Alvim (CCLA), no Rio de Janeiro. Ida Vicenzia é autora das comédias A vida é… e Assédio, ambas a serem encenadas. Autora do livro infantil Sabática, a Gata Lunática (Mauad/RJ) e História da Dança no Brasil (Atração/SP), Ida Vicenzia tem quatro livros editados pela Academia Brasileira de Letras (ABL/Imprensa Oficial de SP): as minibiografias de Vicente de Carvalho, Lauro Müller, Pereira da Silva e Alberto de Faria. Recebeu o Prêmio Monografia 2004, Literatura (PUC–Rio), da Casa de Cultura Laura Alvim por A Dama da Lua.