A pandemia de Covid-19 tem deixado várias lições. Uma delas é que a saúde é um bem essencial e que é possível prevenir doenças. Com o isolamento social, que fez muitas empresas adotarem o home office, um problema tem chamado a atenção: a obesidade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de obesos dobrou no Brasil nos últimos 20 anos.
Nesta quinta-feira (15), é comemorado o Dia do Homem e, segundo a pesquisa, esta população está entre as mais afetadas pela obesidade. Em 2013, o sexo masculino correspondia a 9,6% de pessoas com obesidade. Em 2019, esse número saltou para 22,8%, ou seja, mais do que o dobro.
Os dados regionais também apresentam um cenário preocupante. Segundo a pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, Manaus é a capital brasileira com maior número de obesos. Na cidade, 23% da população sofre de obesidade. Desse total, os homens correspondem a 18,7%.
As pesquisas chamam a atenção da doutora Larissa Figueiredo, endocrinologista e consultora do Sabin Medicina Diagnóstica. “Apesar do número de mulheres com sobrepeso ainda ser maior do que o de homens, o crescimento de obesos do sexo masculino tem preocupado os especialistas. Os homens têm maior chance de desenvolver problemas cardiovasculares, além de possibilidade de apresentar hipogonadismo (baixa produção de hormônio nos testículos), diminuição da testosterona e ginecomastia (aumento dos seios)”, explica.
Diagnóstico
Para identificar a obesidade em um paciente é necessário que seja feito exame clínico, onde é calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC) e a circunferência abdominal do indivíduo. A partir daí, é necessário buscar a origem dessa obesidade, já que nem sempre resulta de excessos alimentares, segundo a doutora Larissa. “Pode haver uma síndrome metabólica. É preciso diferenciar causas hormonais como hipotireoidismo e hipercortisolismo, dentre outras”.
Após o diagnóstico clínico, o médico assistente poderá recomendar exames de sangue ou imagem para auxiliar no diagnóstico e identificar o motivo de sobrepeso e se há consequências no organismo, como gordura no sangue, resistência insulínica, diabetes, problemas cardiovasculares e outros distúrbios que possam afetar a saúde do paciente.
“É comum a obesidade apresentar hipogonadismo [baixa produção de hormônio], por isso dosamos testosterona, total e livre. Fazemos o mesmo com a SHBG, proteína carreadora dos hormônios sexuais. Fazemos também avaliação com PCR ultrassensível, homocisteína, fibrinogênio, dentre outros. Esses testes servem como prova para encontrar possíveis inflamações”, explica a médica.
A especialista lembra que a obesidade pode e deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, nutricionista, psicólogo e educador físico para que o paciente tenha um tratamento melhor e mais completo.