Em se tratando de consumo de água potável, a realidade de comunidades rurais ribeirinhas no Amazonas é das mais cruéis. A água ingerida pelos moradores dessas localidades quase sempre é captada de igarapés, cursos d’água e poços artesianos sem manutenção que colocam em risco a saúde de quem a consome. Com a finalidade de promover o monitoramento da água consumida em comunidades rurais situadas na Bacia Hidrográfica do Tarumã, na Zona Oeste de Manaus, a Fiocruz Amazônia, por meio do Laboratório Diversidade Microbiana da Amazônia com Importância para a Saúde (DMAIS), pede o apoio da população para que vote em favor do “Projeto Educação Ambiental em Comunidades Rurais do Estado do Amazonas: uma proposta de pesquisa-ação para o monitoramento da qualidade da água”, que concorre ao recursos do Edital Participativo de Emendas Orçamentárias.
Para votar, basta baixar o aplicativo do Buracômetro, realizar o cadastro no APP, através de seu endereço, selecionar Emendas Parlamentares, em seguida clicar em Área Temática”, buscar o projeto e clicar em Apoiar.
O objetivo do projeto é reduzir a incidência de doenças de veiculação hídrica na área rural de Manaus, tendo como recorte geográfico a Bacia Hidrográfica do Tarumã, onde existem diversas comunidades, entre indígenas e não-indígenas, que fazem uso da água coletada diretamente dos cursos d’água, sem tratamento, e de poços artesianos construídos de forma indiscriminada e sem manutenção.
O projeto visita as áreas para realização de coletas e análises de amostras da água, in loco, que apontam contaminação por matéria orgânica, como fezes de animais e humanos, além de outras partículas poluentes, além de promover a educação ambiental junto aos comunitários sobre os cuidados necessários para garantir a potabilidade da água.
“Nossa intenção é ampliar o nosso raio de atuação do projeto, na cidade de Manaus, contando agora com os recursos da emendas orçamentarias do Edital Participativo, numa oportunidade de continuarmos o trabalho que já desenvolvemos em 12 municípios do Estado, com financiamento da Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas”, afirma a bióloga Luciete Almeida, doutora em Medicina Tropical, chefe da Bacteriologia da DMAIS e responsável pela coordenação do projeto.
Luciete explica que as coletas e análises de amostras da água apontam contaminação por matéria orgânica que pode comprometer gravemente a saúde das populações ali residentes. No edital das Emendas Orçamentárias, o projeto concorre na área temática Defesa Civil e Meio Ambiente, com um valor de emenda de R$ 400 mil, que permitirão a realização do trabalho, que compreenderá também o mapeamento das comunidades existentes na região do Tarumã. “O projeto busca agora parceiros para sua ampliação e queremos muito o apoio popular para podermos contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida de quem reside nessas comunidades”, salientou.
Com o projeto, a bióloga explica que é possível mensurar inclusive o impacto dos fenômenos climáticos extremos na qualidade da água nessas localidades. “A seca e cheia dos rios e lagos na Amazônia, entre os meses de junho (topo da cheia) e outubro (vazante), alteram significativamente a rotina do abastecimento d’água e isso altera a qualidade da água nessas localidades”, alertou.
“Durante 18 meses, percorremos 12 municípios, com laudos gerados das análises realizadas na água coletada nas comunidades e um conjunto de recomendações relativas a medidas sanitárias e profiláticas a serem adotadas tanto pelas autoridades municipais como estaduais no sentido de melhorar a qualidade da água consumida naqueles locais”, relembra. O projeto visa também promover a Educação Ambiental das comunidades, com a realização de palestras para os moradores e um curso de aperfeiçoamento em monitoramento da qualidade microbiológica da água para técnicos de laboratórios dos municípios contemplados com a pesquisa.
A pesquisa já foi desenvolvida em comunidades rurais ribeirinhas dos municípios de Parintins, Manaquiri, Silves, Borba, Iranduba, Careiro da Várzea, Careiro Castanho, Rio Preto da Eva, Urucará, Barreirinha, Manacapuru e Novo Airão. “Estamos todos mobilizados em busca do apoio para obtermos o voto da população em favor da nossa proposta, de fundamental importância para a saúde e a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas do Estado”, finaliza a bióloga.
Fonte: Ascom/Fiocruz
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