Gilberto Nogueira de Oliveira, de 39 anos, e Daiane dos Santos Farias, de 34, decidiram reatar o relacionamento meses após o crime
Por Ullisses Campbell — São Paulo
09/04/2024
A decisão de reatar o relacionamento marcado por um desfecho trágico só foi possível para o frentista Gilberto Nogueira de Oliveira, de 39 anos, e a cozinheira Daiane dos Santos Farias, de 34, graças a um método antigo famoso pelo viés romântico: as cartas de amor. As missivas, porém, não foram uma escolha voluntária do casal. Desde dezembro, Daiane encontra-se atrás das grades na Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu, no interior paulista, onde aguarda julgamento. Ela confessou ter amputado o pênis do então companheiro depois de descobrir uma traição que envolvia ainda a própria sobrinha, de 15 anos.
O ataque foi sucedido de um rompimento óbvio. O afastamento afetivo, contudo, não durou muito. Depois de alguns meses em que repetiu a ojeriza pela ex-mulher, Gilberto decidiu aceitá-la de volta, como este blog revelou nesta segunda-feira. A reconciliação começou com uma carta enviada pelo frentista, devidamente respondida pela cozinheira, com direito a tréplica apaixonada.
Gilberto e Daiane: história de amor retomada após ela amputar o pênis do companheiro
A carta enviada por Daiane para Gilberto
“Oi, minha vida!
Nem acredito que recebi uma carta sua. Fiquei muito feliz e sem reação, pois imaginei que nunca mais teria qualquer tipo de contato contigo. Não estou bem, obviamente. Tanto pelo o que aconteceu, quanto pela saudade dos meus filhos. Você sabe a mãe que sou para os meninos. Até mesmo para a Lolô [filha de Gilberto com outra mulher]. Sinto muita falta deles todos.
Sobre o que aconteceu, garanto a você: tinha que acontecer. Nada é por acaso. Tudo tem a permissão de Deus. A palavra ‘resiliência’ tem vários significados. Um deles é que, em meio a um turbilhão de coisas ruins, temos que tentar tirar algo de bom e de positivo. Então, tudo o que aconteceu foi para o nosso aprendizado.
Estou aprendendo muitas coisas que um dia queria um dia poder compartilhar contigo. No dia 22 de dezembro, peguei folga para comprar as coisas para o Natal das crianças. Um dia antes, estávamos muito bem. Mas, logo depois, nosso castelo desmoronou. Tudo o que conquistei sozinha e que estávamos conquistando juntos ruiu. Mas enfim, já foi. Não tem como voltar atrás.
Vivíamos muito felizes. Estávamos reformando a casa, compramos um carro novo. Nossa casa ia ficar linda, toda planejadinha. Nossos filhos estavam felizes. Eu ia ter o meu jardim. No dia 10 de janeiro, íamos fazer a mudança, lembra? Você disse que íamos trocar alianças. Não vou dizer que a nossa vida era perfeita porque perfeito só Deus. Mas nossa vida era maravilhosa. Mas olha no que deu, né? Lembra quando dizíamos que seria só nós dois? Que teríamos um dia diferente? Lembro disso todos os dias. Era tudo como nós sonhamos.
Hoje, não tenho nada. Só um uniforme de presidiária e duas calcinhas para usar. Você sabe como sou com a minha higiene. Estou há 60 dias usando só essas duas roupas íntimas. Não tenho um creme nem shampoo. Não tenho um aparelho decente para me depilar. Não tenho literalmente nada. Mas tenho a minha fé, que é tudo.
Você sabe melhor do que ninguém o que sinto por você. Tudo o que aconteceu foi num momento de cegueira. Foi uma parte emocional que tomou conta de mim. Você sabe o quanto me dedicava a você. Jamais teria capacidade de te fazer algo ruim. Demonstrava em pequenos gestos todo o amor que sentia por você. Às vezes, deixava um bombom na sua gaveta. Fazia questão de lavar as suas meias para você nunca usar no dia seguinte o mesmo par. Eram muitos beijinhos antes de você dormir. Tudo isso era demonstração de amor.